Paixão de Torcedor - Giullya Franco

Minha paixão pelo Goiás surgiu de uma forma bem tradicional, de pai para filha. Na verdade, quando a minha família se iniciou o Goiás já estava presente, meus pais se casaram no Estádio Serra Dourada com direito a hino do Goiás e tudo. Logo, eu nasci, e antes mesmo de dar meus primeiros passos e dizer minhas primeiras palavras, meu pai já me colocava no ombro e me levava aos jogos do Verdão.

Cresci vendo o Goiás, brincava nos balanços do CT, me divertia com os jogadores após o treino, entre tantas outras coisas que me fizeram apaixonar pelo futebol  e mais ainda pelo Goiás.

Não tem como explicar como começou esse sentimento, é uma coisa que vai crescendo aos poucos dentro da gente e quando nos damos conta, estamos mergulhados nessa paixão, nesse sentimento indescritível.

Seria impossível colocar em palavras o que o Goiás significa na minha vida hoje, mas eu tento expressar o máximo que eu conseguir.

O meu dia-a-dia é basicamente de acordo com o calendário do Goiás, se tiver jogo, não existe outro compromisso! Vou a praticamente todos os jogos do Goiás em casa, e tento ir sempre aos treinos também para acompanhar mais de perto o que acontece no time, participo das campanhas da torcida, conheço os jogadores e procuro estar sempre ligada no que acontece dentro do Goiás.

É até engraçado a minha relação com o Goiás, muitas pessoas às vezes nem sabem o meu nome, mas me conhecem como ‘a menina do Goiás’, é muito raro que alguém me veja e eu não esteja usando algo do Goiás, pelo menos uma unha verde ou a correntinha no pescoço, e isso é uma questão de orgulho mesmo, eu gosto de mostrar que eu torço para esse time, eu quero que todos saibam, e que junto a minha imagem o Goiás seja lembrado. E quando eu estou com o Manto Sagrado, mal piso ao chão, me sinto a melhor pessoa do mundo e sei que torço pro melhor time do mundo.

Com apenas 18 anos, ainda me sinto uma torcedora muito nova e não peguei tantos momentos bons da história do Goiás, mas o que marcou minha vida foi o ano de 2010, marcou para se ‘lembrar e esquecer’ ao mesmo tempo. Após o rebaixamento, uma dor tão grande no peito, ainda alimentava o sonho da Sul-americana, e que sonho meu Deus, o Goiás na final! Dia 8 de dezembro de 2010, não dormi, estava extasiada naquele sonho, mas sem muito que falar, tenho na minha cabeça a cena daquele maldito jogador que não gosto nem de falar o nome andando em direção à bola e perdendo o nosso título, depois disso não vi mais nada, foi só choro, muito choro e uma dor que até hoje não superei, nunca mais assisti os vídeos daquela Sul-americana e não gosto de falar desse assunto com as pessoas, sempre me engasgo, os olhos enchem de lágrimas, enfim...

E depois de tanta dor, ainda veio 2011, que ano difícil, nem título estadual o maior do Centro-Oeste ganhou, e eu ainda era obrigada a ouvir aquele “ão ão ão, segunda divisão” que doía na alma. E a expectativa no Brasileirão do “cai num ano e sobe no outro” foi outra decepção, era meu ano de vestibular, larguei tudo na vida para estudar, menos o Goiás. Saía da aula à noite e ia direto pro Serra Dourada ver o Goiás sendo brinquedo nas mãos de dirigentes e jogadores descompromissados, vi o Goiás na zona de rebaixamento para a série C, chorei ao imaginar que meu time estava acabando, mas Deus me ouviu e não caímos para meu alívio.

Mas parando de falar de coisas ruins, hoje eu me encontro imensamente feliz, 2012 foi para nós esmeraldinos um ano de ouro, Campeão Goiano e o maior objetivo alcançado, o acesso, a volta, o retorno, e junto ainda levamos a taça. O melhor time do Brasil é o meu, e se ele não tivesse sido campeão, para mim ele continuaria sendo o melhor!

Uma das coisas que não poderia deixar de falar é do orgulho que tenho de torcer por um time da minha região, um time que eu vivo. Porque aqui é muito comum ver as pessoas torcer por times do eixo RJ-SP, sendo que nunca foram a um estádio e ainda torcem contra nossos times goianos.

Nos dias de jogo, as horas parecem não passar, tenho sempre aquela preparação para ir ao estádio, pra não perder o lado feminino. Não tem coisa melhor que subir aquelas escadas do Serra Dourada reclamando que estou sedentária e chegar lá em cima respirando forte, e quando eu entro no túnel que vejo aquele estádio, é uma sensação maravilhosa demais! Quando o Goiás entra em campo então, haja garganta, porque eu grito demais, quando a torcida canta eu me arrepio toda, e eu posso falar com toda certeza, não existe nada no mundo que eu goste mais do que isso: assistir uma partida de futebol do meu Goiás no estádio!

A minha balada se chama futebol, não troco um jogo por festa nenhuma. Tenho em minha memória, tantas coisas importantes que já larguei para ver o Goiás jogar, mas não tem como, importante mesmo é o Goiás!

Mas na vida de um torcedor apaixonado vale tudo! Quantas vezes meu pai me dizia que não ia me levar ao jogo, e eu economizava o dinheiro do lanche para comprar ingresso e chegava nele falando que tinha uma surpresa, ele nunca resistia, rs! Enquanto eu poderia estar comprando sapatos, roupas bonitinhas, maquiagens, essas coisas de mulherzinha, eu compro camisas do Goiás, aí na hora de sair eu falo: “Mamãe, não tenho roupa!”, e ela responde ironicamente: “Vai com camisa do Goiás!”. Nos estudos, caderno é do Goiás, canetas, mochila, e tudo o que tiver pra vender é do Goiás, o que não tem, eu faço! Porque eu gosto de representar o Verdão, independentemente se ele ganhou ou perdeu, ele é o meu time e vou honrar suas cores sempre!

Adoro tomar chuva, me queimar no sol, pegar fila pra comprar ingresso, ficar sem voz, enfrentar trânsito congestionado, se tudo isso for pelo Goiás! E eu sei que às vezes as pessoas se cansam de mim, dizem que eu só falo do Goiás, e além de tudo, nos dias que ele perde, parece que alguém morreu pra mim, mas nos dias que ele ganha, eu saio sorrindo à toa, mas acho que isso é vida de torcedor. Eu sempre falo uma coisa aos meus amigos que pegam no meu pé: SÓ QUEM AMA ENTENDE! E isso é um fato, quem não amar nunca irá nos entender, nos somos loucos, doentes e apaixonados por um time mesmo, só vivendo isso, sentindo para entender. Infelizes são os que não aprenderam a gostar de futebol, o melhor esporte do mundo, os 90 minutos de explosão de todos os tipos de emoções dentro de um ser humano!

Tenho por esse time um amor indescritível, um sentimento forte que bate no meu peito. Nunca tive vergonha de dizer que sou esmeraldina, e o maior orgulho que tenho é carregar o seu símbolo do lado esquerdo do meu peito. Esse é o meu ÚNICO time, e o levarei comigo por onde eu for durante toda a minha vida. Quero que as pessoas lembrem-se de mim como ‘ A Esmeraldina’ sempre. GOIÁS, EU TE AMO!