terça-feira, 5 de agosto de 2014

Paixão de Torcedor - Raquel Machado

É estranho pensar em como algumas coisas tem uma espécie de poder sobre você e podem te proporcionar tantas emoções de uma só vez...e é assim com o futebol, mas precisamente com o Galo.
Acho que quem realmente torce por um time vai se identificar com o texto, os outros, aqueles que simpatizam, acompanham de vez em quando ou não gostam do esporte vão achar que sou uma louca, mas tudo bem, já estou acostumada com isso.
Sempre que conto feliz que já passei sete dias na fila de ingressos, dormi em barraca no frio pra garantir presença em um jogo ou que levo a bandeira até em uma viagem de mergulho com a família, as pessoas falam que isso passa dos limites. Sempre que exibo orgulhosamente minha coleção de camisas e objetos, que paro o que estiver fazendo para assistir os jogos ou que saio de casa com o tempo nublado e chuvoso para ir ao campo, escuto que sou doida. Mas sabe o que é isso? É amor. Sim, amor mesmo. E, como em todo texto que envolve amor, tenho que falar aquele clichê: “é simplesmente impossível explicar”, mas falo isso porque é verdade, é realmente impossível. Então seria bobagem tentar, né? Vou apenas citar um conjunto de sentimentos inexplicáveis que vão fazer sentido para muitos, mas que, para outros, vai parecer a coisa mais idiota do mundo (já ouvi muito isso também...).
Tantos exemplos passam pela minha cabeça, afinal, é uma paixão que vem de berço. Porém, nada mais atual que a libertadores 2013. Nada me convence de que houve um campeonato mais emocionante na história do futebol. Pode ser só o clubismo falando, mas nunca vi tantos acasos. E esse tanto de ‘acasos’ resultaram em um único final: Atlético Mineiro campeão. Só de ser campeão já seria emocionante, afinal, era um título inédito, mas esse teve escorregão de jogador que sairia livre na cara do gol, apagão de refletores, pênalti que mudaria tudo no último lance do jogo, defesa histórica do goleiro, mais pênaltis, gols nos acréscimos, gritos, lágrimas, explosão. Só de lembrar eu já arrepio. Agora pensa viver tudo isso? Aliás, pensa só no acréscimo das quartas de final contra o Tijuana, no momento em que o juiz marcou o pênalti já tem um mix de sentimentos contraditórios: ao mesmo tempo você pensa que acabou o sonho, que o Victor vai pegar, que o jogador vai isolar, que a bola vai bater na trave, pensa até que o juiz vai desmarcar o que ele já sinalizou. Só de ver o gesto que aponta pra marca do pênalti já escorre a lágrima que denuncia que ‘já era’, mas tem uma esperança meio sem sentido que espera que alguma coisa aconteça, qualquer coisa...e aconteceu: São Victor! Agora sério, dá pra explicar uma coisa assim? E olha que isso foi questão de um minuto. Imagina o resto. Imagina o apito final do último jogo. Imagina ser campeão.
Cada torcedor tem sua história própria, um momento marcante onde extravasou a emoção mais genuinamente pura gritando apenas GALO e essa uma palavra traduzia um milhão de sentimentos inexplicáveis. Mas claro, nem só de alegrias é feito o amor, logo, não poderia ser diferente com o futebol. No campo, a torcida se une quase que como uma família, se abraça forte até àqueles que você nunca viu no momento de um gol e derrama lágrimas realmente dolorosas no ombro do colega de arquibancada num choro entendido por milhares quando vem uma derrota ou uma desclassificação. É nesse poder que está a mágica do futebol.
E pode me chamar de louca, se for loucura arrepiar ao ouvir o hino do Galo, ao ver a torcida cantando ou ao ver o escudo na camisa/bandeira; pode me chamar de boba, se for bobagem chorar de emoção; pode me chamar de fanática, se for fanatismo amar o Clube Atlético Mineiro, o preto e o branco e a história que ele carrega há 106 anos.  Mas, para quem realmente é atleticano, nada disso precisa ser explicado, porque a mística que envolve o clube, a camisa ou um dia de jogo faz tudo ter sentido.

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