Como
seria o calendário brasileiro se não houvesse os estaduais? É uma situação
complicada que está em jogo muitas coisas, porém de modo geral eles são
benéficos ou não para o futebol brasileiro? Hoje vamos levantar uma série de
itens e analisa-los.
Os
estaduais são os torneios de futebol mais antigos do país, muitos deles já são
até centenários e certamente isso pesa na decisão de extingui-los. Temos a
ideia de preservar essa tradicional competição, mas no fundo realmente é
importante? O calendário brasileiro é extremamente apertado e justamente por
causa das competições estaduais. Se pegarmos como base o Campeonato Paulista,
por exemplo, são 19 rodadas em um turno e mais pelo menos 4 jogos mata-mata
caso o clube consiga chegar a final. Bom, é no mínimo um turno de um campeonato
nacional, como as Séries A e B do Brasileiro.
Obviamente
não é só o Campeonato Paulista, o Campeonato Goiano têm 10 times, jogando em
turno e returno, totalizando 18 partidas e mais uma fase de mata-mata, na qual os
quatro primeiros colocados se enfrentam em duas partidas (ida e volta) em
semifinais e finais, sendo ao todo 22 partidas. Os outros estaduais não se
diferem, existem pelo menos um turno de campeonato nacional disputado e se
compararmos com outros calendários é algo congestionante e reflete em diversas
coisas como todos sabem.
As
consequências de um calendário apertado fazem que os clubes tenham menos tempo
de pré-temporada e apesar disso parecer besteira, não é. A pré-temporada serve
para os jogadores melhorarem fisicamente, o time melhorar taticamente e fazer
testes. Na pré-temporada podem existir os torneios amistosos ou até excursões
na América e Europa gerando maior receita. Vamos pegar como exemplo o
Campeonato Gaúcho, se repararmos a média de público é baixa (o maior foi entre
Grêmio e Veranópolis – 11.639 pagantes), tendo na final do turno entre
Internacional e São Luiz um público pagante de 5.047. No ano passado a média
geral foi de apenas 2,3 mil torcedores. Alguém tem dúvidas que um torneio
amistoso entre Grêmio, Internacional, Peñarol e Nacional (ambos do Uruguai) não
seria mais rentável? E é logisticamente viável já que as duas capitais são
próximas.
Outra
consequência ruim que um calendário apertado e extenso pode trazer é o desgaste
do atleta e diversas lesões. Porém ainda creio que o mais prejudicial seja a
seleção. Com o futebol nacional em alta e diversos atletas que atuam dentro do
país servindo a seleção principal, eles desfalcarão seus clubes e como os
campeonatos no Brasil não param nem quando são data FIFA, os clubes são
prejudicados e tendo que jogar sem seus principais atletas. Ano passado,
retrasado e em outros anos anteriores a isso já vimos acontecendo diversas
vezes e a tendência é só piorar.
Também existem aquelas pessoas
que questionam a extinção por causa dos clubes pequenos, mas veja bem, ao se
acabar com os estaduais a Confederação Brasileira teria que criar outras
competições para esses clubes e se seguirem os padrões de outros países no
fundo seria até melhor para eles. A ideia principal é criar divisões inferiores
a que já existem, como uma Série “E” e “F”.
Um problema da atual Série D é
que muitos clubes acabam desistindo de participar por causa de falta de verba,
e muito se deve a difícil logística que o país por ser grande impõe a estes
pequenos clubes. Um clube pequeno da Bahia jogando em Porto Alegre acaba sendo
muito custoso. A solução para isso seria dividir essas Séries “E” e “F” em subdivisões
regionais, assim como existe na Alemanha por exemplo. Existiriam os grupos:
Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, ou até mesmo na Série mais
inferior uma divisão de grupos estaduais, dividindo a competição para durar
grande parte do ano e assim não congestionando o calendário, além de diminuir
as distancias entre os jogos e fazer que o clube jogue o ano todo e não somente
alguns pequenos meses como ocorre hoje nos estaduais e com os clubes que não
conseguem divisão.
É um assunto interessante e que
acredito que deveria ser colocado em pauta pelas federações e clubes para
chegar a um consenso e melhorar o calendário brasileiro que já a um grande
tempo é prejudicial em diversas questões.
foda.se a seleção
ResponderExcluirÓtima idéias esta do penúltimo parágrafo. No Paranaense por exemplo, se ñ terminar no G4 o torcedor dos times das cidades menores (q em geral sempre são as excluídas) ficam o restante do ano sem futebol.
ResponderExcluirAlbino Werlang
Torcedor do Atlético Clube de Paranavaí/PR e INTER