terça-feira, 12 de março de 2013

Brasil sem estaduais?



                Como seria o calendário brasileiro se não houvesse os estaduais? É uma situação complicada que está em jogo muitas coisas, porém de modo geral eles são benéficos ou não para o futebol brasileiro? Hoje vamos levantar uma série de itens e analisa-los.
                Os estaduais são os torneios de futebol mais antigos do país, muitos deles já são até centenários e certamente isso pesa na decisão de extingui-los. Temos a ideia de preservar essa tradicional competição, mas no fundo realmente é importante? O calendário brasileiro é extremamente apertado e justamente por causa das competições estaduais. Se pegarmos como base o Campeonato Paulista, por exemplo, são 19 rodadas em um turno e mais pelo menos 4 jogos mata-mata caso o clube consiga chegar a final. Bom, é no mínimo um turno de um campeonato nacional, como as Séries A e B do Brasileiro.
                Obviamente não é só o Campeonato Paulista, o Campeonato Goiano têm 10 times, jogando em turno e returno, totalizando 18 partidas e mais uma fase de mata-mata, na qual os quatro primeiros colocados se enfrentam em duas partidas (ida e volta) em semifinais e finais, sendo ao todo 22 partidas. Os outros estaduais não se diferem, existem pelo menos um turno de campeonato nacional disputado e se compararmos com outros calendários é algo congestionante e reflete em diversas coisas como todos sabem.
                As consequências de um calendário apertado fazem que os clubes tenham menos tempo de pré-temporada e apesar disso parecer besteira, não é. A pré-temporada serve para os jogadores melhorarem fisicamente, o time melhorar taticamente e fazer testes. Na pré-temporada podem existir os torneios amistosos ou até excursões na América e Europa gerando maior receita. Vamos pegar como exemplo o Campeonato Gaúcho, se repararmos a média de público é baixa (o maior foi entre Grêmio e Veranópolis – 11.639 pagantes), tendo na final do turno entre Internacional e São Luiz um público pagante de 5.047. No ano passado a média geral foi de apenas 2,3 mil torcedores. Alguém tem dúvidas que um torneio amistoso entre Grêmio, Internacional, Peñarol e Nacional (ambos do Uruguai) não seria mais rentável? E é logisticamente viável já que as duas capitais são próximas.
                Outra consequência ruim que um calendário apertado e extenso pode trazer é o desgaste do atleta e diversas lesões. Porém ainda creio que o mais prejudicial seja a seleção. Com o futebol nacional em alta e diversos atletas que atuam dentro do país servindo a seleção principal, eles desfalcarão seus clubes e como os campeonatos no Brasil não param nem quando são data FIFA, os clubes são prejudicados e tendo que jogar sem seus principais atletas. Ano passado, retrasado e em outros anos anteriores a isso já vimos acontecendo diversas vezes e a tendência é só piorar.
Também existem aquelas pessoas que questionam a extinção por causa dos clubes pequenos, mas veja bem, ao se acabar com os estaduais a Confederação Brasileira teria que criar outras competições para esses clubes e se seguirem os padrões de outros países no fundo seria até melhor para eles. A ideia principal é criar divisões inferiores a que já existem, como uma Série “E” e “F”.
Um problema da atual Série D é que muitos clubes acabam desistindo de participar por causa de falta de verba, e muito se deve a difícil logística que o país por ser grande impõe a estes pequenos clubes. Um clube pequeno da Bahia jogando em Porto Alegre acaba sendo muito custoso. A solução para isso seria dividir essas Séries “E” e “F” em subdivisões regionais, assim como existe na Alemanha por exemplo. Existiriam os grupos: Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, ou até mesmo na Série mais inferior uma divisão de grupos estaduais, dividindo a competição para durar grande parte do ano e assim não congestionando o calendário, além de diminuir as distancias entre os jogos e fazer que o clube jogue o ano todo e não somente alguns pequenos meses como ocorre hoje nos estaduais e com os clubes que não conseguem divisão.
É um assunto interessante e que acredito que deveria ser colocado em pauta pelas federações e clubes para chegar a um consenso e melhorar o calendário brasileiro que já a um grande tempo é prejudicial em diversas questões.

2 comentários:

  1. Ótima idéias esta do penúltimo parágrafo. No Paranaense por exemplo, se ñ terminar no G4 o torcedor dos times das cidades menores (q em geral sempre são as excluídas) ficam o restante do ano sem futebol.
    Albino Werlang
    Torcedor do Atlético Clube de Paranavaí/PR e INTER

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