Parte da minha família tem
origem no bairro do Arruda, então ouço muitas histórias sobre o Mais Querido
desde pequena. A história do Santa Cruz está na história de Pernambuco a na
história de vida de toda a população. Fui criada na zona norte, bairro próximo
ao Mundão do Arruda também. Quando mais
nova, chegava a me assustar quando tinha algum jogo, tamanha era a festa na
minha rua. Eu, inicialmente, não sentia muita simpatia por futebol. Ouvia de muitas
pessoas da família que ir ao estádio era perigoso. Meu pai não frequentava mais
o Arruda por conta de um acidente em um clássico, minha tia e ele haviam se
machucado na época. Mas não tem jeito, o sangue sempre fala mais alto. Com 8/9
anos comecei a acompanhar os jogos pelo rádio sozinha. Quando tinha algum jogo
na TV também assistia. Pedi ao meu pai minha primeira camisa, logo em seguida
pedi para ir ao Arruda assistir a um jogo. A camisa? Recebi. Ir ao estádio? Fui
enrolada durante um bom tempo (risos).
Em 2003, no mês do meu
aniversário, pedi ao meu pai: "pai, como presente eu quero ir a um jogo do
Santa Cruz no Arruda", ele não teve muito o que fazer dessa vez e no dia
13.09.03 (dia do meu aniversário) eu fui ao Arrudão pela primeira vez. Daí para
frente não parei mais. Jogo, treino, encontro com os amigos, tudo me
levava/leva ao Arruda.
Eu, sinceramente, não consigo
transmitir em palavras o que o Santa Cruz é na minha vida. É mais que um clube, é algo presente no meu
cotidiano. E sei que é assim na vida de outros torcedores corais também.
Passamos por momentos complicadíssimos de 2006 a 2013, muitos achavam que o
Santa Cruz não iria sobreviver. Má administração por anos, disputar a série D e
a série C do campeonato brasileiro, com eliminações precoces, inclusive. Mas o
Santa Cruz é o povo, cada queda, cada dificuldade nos uniu mais ainda ao longo
dos anos, nos mostrou que a torcida carregará o clube e passará por cima de
todas as adversidades. Porque algo que
veio do povo vai permanecer no povo sempre.
2014, ano do centenário do Mais
Querido, do meu Santinha, não estou em Recife. Mas o Santa Cruz permanece em
mim pra onde quer que eu vá. São 100 anos de povão, de alegria, de emoção. "O Alvinegro e depois Tricolor não
olhava para o bolso, cor da pele nem profissão de ninguém. Abraçou quem quis
segui-lo. Um abraço que perdura por gerações (...)" . Obrigada, Santa Cruz
Futebol Clube, por fazer parte da minha família, do meu cotidiano, do meu ciclo
de amizades, da minha vida, por fazer parte de mim. Cada ida ao Arruda, cada
abraço na hora do gol, seja em um conhecido ou em um estranho, cada sorriso na
rua quando alguém me vê com a camisa coral, cada história contada pelo meu pai
nas arquibancadas, cada pergunta leiga da minha mãe (que mesmo sem entender
muito de futebol te segue da mesma forma), me faz sentir o que é ser Santa
Cruz. Diante disso tudo eu só posso
dizer que eu te amo, Santa Cruz Futebol Clube. Obrigada por existir.
Priscilla
Brasileiro
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