terça-feira, 4 de novembro de 2014

Clubes Clássicos: Brasil de Pelotas

                
               O Grêmio Esportivo Brasil, também conhecido popularmente como Brasil de Pelotas foi fundado em 7 de setembro de 1911, na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul. Tudo começou com divergências entre jogadores e diretores do Sport Club Cruzeiro do Sul, que era mantido por funcionários da Cervejaria Haertel. Dois jogadores do Cruzeiro do Sul marcaram uma reunião para a fundação de um novo clube, estes jogadores eram Breno Corrêa e Salustiano Brito. Coincidência ou não, o local onde ambos pararam para conversar e marcar está reunião fica bem próximo aonde todos conhecem como Baixada, o estádio Bento Freitas.
                Dizem que o primeiro “jogo” envolvendo os rivais da cidade de Pelotas começou na escolha das cores dos clubes. A intenção era ter os uniformes verde e amarelo, mas devido a semelhança, pois o Pelotas escolheu as cores azul e amarela do Clube Caixeral, o Brasil resolveu adotar as cores do Clube Diamantinos (vermelho e preto).

Campeão Gaúcho de 1919:

                Em 1919 o Brasil de Pelotas venceu seu primeiro e único Campeonato Gaúcho de sua história. Naquela época, a competição reunia os campeões das regiões Pelotas/Bagé e Porto Alegre/São Leopoldo.
                Como campeão da Segunda Região e do Campeonato de Pelotas (LPF), o Brasil disputou a final contra o campeão da Primeira Região e campeão de Porto Alegre (APAD), o Grêmio. O Xavante venceu a partida por incríveis 5 a 1, com três gols de Proença, um de Alvariza e um de Ignácio. Máximo marcou para o Tricolor Gaúcho.
                O jogo foi realizado no Estádio da Baixada, no Moinhos de Vento com a presença de mais de três mil torcedores. O GEB teve que fazer uma viagem de 16 horas entre Pelotas e Porto Alegre de navio a vapor.

Conhecendo a América:

                Em 1950 o Brasil viajou até o Uruguai para enfrentar a seleção local que se preparava para a Copa do Mundo daquele ano que seria realizada no Brasil. O clube gaúcho venceu a Celeste Olímpica pelo placar de 2 a 1, com gols de Darci e Mortosa. Com a repercussão dessa vitória histórica, o Xavante 6 anos depois partiu em uma excursão na América do Sul e Central, fazendo amistosos em nove países diferentes. Foram mais de 100 dias viajando e o saldo foi bastante positivo, tendo feito 28 jogos e saindo vitorioso em 16. Foram apenas 6 derrotas e outros 6 empates, marcando 75 gols e sofrendo 50 gols.
                A primeira parada da equipe Pelotense foi em Assunção no Paraguai. O clube realizou seu primeiro amistoso em 14 de julho e perdeu por 3 a 0 para o Cerro Porteño. Sem se abater, no dia seguinte a equipe venceu o Olimpia por 3 a 2. O clube paraguaio estava a 20 anos sem perder uma partida para um clube estrangeiro e seria mais tarde campeão nacional daquele ano.
                Esta viagem ainda teve passagens por países como a Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e depois seguiu para a América Central, passando por Panamá, Honduras e El Salvador. Retornando para a Colômbia, venceu o paraguaio Libertad, por 1 a 0 e depois goleou o Magdalena por 5 a 0 encerrando a excursão em 24 de outubro de 1956.

O melhor momento:


                Não tem como negar que o melhor momento do Xavante foi na década de 80, mais precisamente em 1985 quando alcançou o brilhante terceiro lugar no Campeonato Brasileiro. O clube do interior gaúcho eliminou outros tradicionais clubes no cenário nacional como Ceará, Bahia, Ponte Preta, além do poderoso Flamengo. Esta foi a melhor campanha da história de um clube do interior gaúcho em Campeonatos Brasileiros, nem mesmo o Juventude (que já teve grandes momentos também), conseguiu chegar tão longe.
“Nunca fomos tão longe numa competição em nível nacional e com tantos clubes de ponta do país. O trabalho da comissão técnica, iniciado em 83, com Luiz Felipe Scolari (Felipão) e com Mortoza, depois seguido por Valmir Louruz, foi o marco do grande sucesso. Nossos atletas vestiram a camiseta de paixão e se contagiaram com o a explosão do nosso torcedor”, disse Rogério Moreira, Presidente do GE Brasil em 1985.
Foi neste ano inclusive que o Estádio Bento Freitas recebeu o maior público de sua história. A partida valia vaga nas semifinais e foi disputada contra o Flamengo de Zagalo, Zico e companhia. Nas semifinais, o clube foi eliminado pelo Bangu.

Tragédia:

                Infelizmente, não é só de glórias que o Brasil de Pelotas vive e em 2009 um triste marco em sua história foi escrito. Em preparação para o Campeonato Gaúcho, no dia 15 de janeiro daquele ano, o Xavante voltava de um jogo-treino disputado no Vale do Sol contra o Santa Cruz. Por volta das 23:30 na altura do km 150 da BR-392 (próximo ao município de Canguçu), o ônibus que transportava a delegação do time tombou em uma curva e despencou de um barranco de 40 metros, perdendo três membros naquela noite.
                Morreram o preparador de goleiros Giovani Guimarães, o zagueiro prata da casa Régis Gouveia e o ídolo uruguaio Cláudio Milar. Além disso, as outras 31 pessoas envolvidas no acidente ficaram seriamente feridas e algumas delas inclusive precisaram abandonar a profissão.

                A possibilidade de abandonar a disputa do estadual surgiu afinal o clube não teria estrutura para a competição. Entretanto, a não disputa também traria outras graves consequências e foi decidido a participação. O Brasil jogou oito partidas em 15 dias e venceu apenas a última, pelo placar magro de 1 a 0 sobre o Novo Hamburgo. Era previsível que aquele ano as coisas dariam errado e o Xavante acabou sendo rebaixado para a segunda divisão do estadual.

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