O futebol é o reflexo da nossa sociedade, seja na alegria,
na violência e até mesmo no preconceito. Recentemente diversas atitudes
preconceituosas vêm causando polemicas no futebol brasileiro. A primeira por
assim dizer, foi a do caso Tinga, no Peru. Depois disso ocorreram outras como a
do juiz no Campeonato Gaúcho e com Arouca no jogo do Santos contra o Mogi
Mirim. Entretanto, até aonde estas atitudes são racismo ou provocações de jogo
ao adversário?
De uma
maneira moralista é ridículo pensar que atitudes preconceituosas podem ser
apenas uma “provocação” esportiva, mas no fundo toleramos algumas coisas e abominamos
outras. Um grande exemplo é o racismo e a homofobia. Enquanto um é crime inafiançável
o outro é tolerável ao ponto de vermos brincadeiras inclusive em programas de
humor.
Obviamente
cada caso é um caso e nas recentes atitudes acredito que aconteceram as duas
coisas. Primeiro o caso Tinga, que foi praticamente o estopim para a discussão:
Não acho que tenha ocorrido racismo e sim a famosa “provocação” do futebol. Tudo
aconteceu no Peru, aonde a cultura deles é diferente da nossa. Aqui o racismo é
crime, já lá não. Achamos normal gritar “bicha” no estádio e porque pra eles
tal atitude também não pode ter sido algo apenas provocativo? Dedé que jogou
desde o inicio da partida não sofreu racismo e nem Júlio Baptista que entrou
posteriormente, então porque só com o Tinga? É um pouco claro que “encanaram”
com ele, talvez pelo seu cabelo exótico, não sei ao certo, pois não estava na
mente dos torcedores do Real Garcilaso. O jogador entrou em um momento eufórico
da torcida, cujo time peruano tinha virado o jogo um pouco antes.
Vejo
muita gente condenando baseando-se na nossa cultura, mas e se fosse uma atitude
homofóbica como vemos muito nas arquibancadas do Brasil? De certo que ia passar
batido. Supondo que tenha um jogo entre Cruzeiro e Boca Juniors no Mineirão e a
torcida do Cruzeiro começa a gritar “maricon” para um jogador argentino que
pareça ou tenha atitudes de homossexuais. Continuando na suposição, se
homofobia na Argentina fosse crime, assim como racismo é no Brasil, e o governo
do país e a AFA pressionassem a Conmebol para punirem o Cruzeiro, você acharia
justo ou acharia que tudo não passou de uma brincadeira do futebol?
É
complicado não é mesmo? Mas no caso Tinga essa foi à impressão passada.
Diferentemente do caso do juiz no Rio Grande do Sul que apitou o jogo entre
Esportivo e Veranópolis. O maior problema não foi somente os gritos da
arquibancada, mas sim, as bananas encontradas em seu carro no final do jogo. De
certa forma, as provocações passaram do limite e do “calor de jogo” e poderiam
até virar vandalismo, afinal colocaram uma banana, mas podiam muito bem riscar
ou quebrar algo do carro do árbitro.
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