A Taça Brasil de 1959 foi o primeiro campeonato em amplitude
nacional realizado pela CBD. A competição surgiu primeiramente com i intuito de
indicar um representante do país na Copa Libertadores da América, criada pela
CONMEBOL para eleger o campeão do continente. A competição era curta e de
mata-mata, muito se devendo a logística limitada da época. Participaram 16
campeões estaduais, sendo que o representante de São Paulo e do Distrito
Federal (na época o Rio de Janeiro).
A
competição dividida em três fases era composta na primeira delas pelos grupos
do Nordeste, do Norte, do Leste e do Sul. Na segunda etapa, os vencedores do
Norte e Nordeste se enfrentavam para ver quem seria o Campeão da Zona Norte e
os vencedores do Leste e do Sul se enfrentariam para decidir o Campeão da Zona
Sul. Estes dois campeões se juntavam aos campeões estaduais de São Paulo e
Distrito Federal na fase final.
Participantes:
TIMES
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ESTADOS
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ABC
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Rio Grande do Norte
|
Atlético Mineiro
|
Minas Gerais
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Atlético Paranaense
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Paraná
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Auto Esporte
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Paraíba
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Bahia
|
Bahia
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Ceará
|
Ceará
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CSA
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Alagoas
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Ferroviário
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Maranhão
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Grêmio
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Rio Grande do Sul
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Hercílio Luz
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Santa Catarina
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Manufatora
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Rio de Janeiro
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Rio Branco
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Espirito Santo
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Santos
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São Paulo
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Sport
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Pernambuco
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Tuna Luso
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Pará
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Vasco da Gama
|
Distrito Federal
|
Critérios de desempates:
Os
critérios de desempate são bastante curiosos e bem diferentes dos usados hoje
em dia. Os jogos eram disputados em partidas eliminatórias e somavam-se apenas
os pontos conquistados dos confrontos e caso houvesse empate, um terceiro jogo
seria disputado. Ou seja, quando os dois jogos terminavam empatados ou com uma
vitória para cada lado, indiferente do número de gols marcados, uma nova
partida era disputada.
Se
nessa terceira partida não tivesse vencedor, a forma de desempate seria o
“goal-average” (média dos gols marcados dividida pelos gols sofridos). Aquele
que tivesse o maior “goal-average” contando as três partidas avança de fase e
se mesmo assim o empate permanecesse, era tirado cara ou coroa para decidir o
vencedor.
Fatos curiosos:
Hoje em
dia quando vemos um campeonato com a regra desconsiderando os gols marcados
achamos bastante estranho, mas na época era comum e isso de certo modo acabou
beneficiando o Bahia, que mais tarde seria o campeão do torneio. A partida para
decidir quem seria o Campeão da Zona Norte, na segunda etapa, foi entre Bahia e
Sport. O primeiro jogo em Salvador, o Bahia venceu por 3 a 2, já o segundo jogo
foi disputado em Pernambuco e vencido pelo Sport por um sonoro 6 a 0. Hoje, o
Sport teria avançado sem nenhuma dúvida, mas na época foi preciso um terceiro
jogo, novamente na Ilha do Retiro, mas desta vez sendo vencido pelo Bahia pelo
placar de 2 a 0.
O Artilheiro:
O
matador daquele ano foi o atacante Léo do Bahia com oito gols marcados e balançando
as redes em todas as partidas, sendo um dos principais responsáveis pela
campanha histórica do Esquadrão de Aço.
O
atacante, quase foi um dos campeões mundiais de 1958 com a Seleção Brasileira
na Suécia, sendo cortado horas antes de seu embarque. Tudo isso aconteceu
devido a uma declaração de seu ex-treinador do Fluminense dizendo que ele tinha
problemas no joelhos e seus dentes tinham bastantes caries. Vale ressaltar que ele
teve todos os seus dentes extraídos e substituídos por dentaduras dias depois.
Léo
também poderia ter sido obstáculo para um dos grandes jogadores da história do
futebol hoje ter brilhado naquela Copa. Afinal, a vaga era sua e talvez Pelé
não tivesse grandes chances de participar da competição. Para seu lugar, Dida
do Flamengo foi convocado.
O Campeão:
Quatorze
partidas foram disputadas pelo Esquadrão de Aço até a conquista do primeiro
título nacional de um clube. Pelo seu caminho foram despachados CSA, Ceará,
Sport, Vasco e na final o Santos de Pelé.
A
primeira partida da final foi disputada na Vila Belmiro e o Bahia tinha um
importante desfalque, o goleiro Nandinho, estudante de direito e que tinha uma
prova importante no dia. Pelé e Pepe marcaram para o Santos, mas isto não
significaria nada, já que o Bahia virou a partida para 3 a 2. O jogo seguinte
sendo disputado na Fonte Nova foi vencido pelo Santos pelo placar de 2 a 0 e
novamente com Pelé e Pepe marcando.
Devido
ao regulamento, a terceira partida seria marcada para 30 de dezembro e sendo
adiada para março de 1960 devido a uma excursão para Europa da equipe Santista.
Naquele jogo ambos os times tinham desfalques importantes: Pelé pelo Santos que
estava com amígdalas inflamadas e o técnico Geninho do Bahia, que por ser
policial teve que se apresentar no quartel.
O Santos
abriu o placar com Coutinho, mas logo depois o Bahia conquistou o empate com
Vicente cobrando uma linda falta. Léo, o grande artilheiro da competição virou
o jogo, que depois se tornaria um campo de batalha. Muita pancadaria e três
expulsões para cada lado, destacando-se a de Vicente e Coutinho que trocaram
agressões pesadas em campo. No final do jogo, Alencar sacramentou a vitória com
direito a drible no goleiro.
Um
balde de água fria para os Santistas que já haviam marcado até data com o San
Lorenzo da Argentina para disputarem a partida pela Libertadores, o que não
ocorreu, já que o Bahia seria o representante brasileiro na competição.
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