Nos
últimos anos o futebol no Brasil tem evoluído em diversos fatores que
contribuem para melhora do espetáculo. A situação financeira dos clubes
melhorou, em termos de patrocínio e de cotas de televisão. Vemos hoje uma boa
base de jogadores promissores e a volta de alguns bons jogadores. As televisões
também investem cada vez mais em tecnologia, com novas câmeras, novas
funcionalidades que a convergência digital nos proporciona. Porém, uma coisa
ainda contribui para um espetáculo ruim e vêm indignando torcedores de todos os
clubes sem exceção, a arbitragem brasileira vive um período vergonhoso.
É fato
que hoje em dia, o próprio uso da tecnologia dos canais de televisão com
diversas câmeras espalhadas pelo campo captando diversos ângulos acabam
transparecendo diversos erros de arbitragem. Provavelmente se tivéssemos esses
recursos em campeonatos antigos como da década de 70 e 80, chegaríamos à
conclusão que muitos jogos foram “vencidos” no apito. Erros acontecem e vão
sempre acontecer, pois o árbitro possui limitações humanas e não pode apitar se
baseando em recursos de televisão, sua decisão é feita em fração de segundos e
vendo o lance apenas uma vez. Porém, o maior erro das autoridades “competentes”
é encarar todos os erros de maneira leviana, indiferente de gravidade e
dificuldade.
Para o
torcedor, movido pela paixão e muitas vezes cego em qualquer situação que o
favoreça ou o desfavoreça, todos os erros são imperdoáveis e considerados
roubo, obviamente as coisas não são assim. Já do lado da federação são encarados
ao contrário, todos os erros são perdoáveis, pois o juiz ou bandeirinha não
possuem o auxilio de replays e câmeras de diversos ângulos, obviamente as
coisas também não são assim e acabam relevando diversas coisas que não
poderiam. A arbitragem brasileira precisa de investimento, treinamento adequado
e punição quando necessário, indiferente do clube prejudicado.
O
torcedor precisa entender também que erros vão acontecer e que precisa
“condenar” erros passiveis disso e não qualquer erro bobo. Tudo é considerado
roubo indiferente do grau de dificuldade e da gravidade do erro. Para o
torcedor tudo é decidido no apito e hoje vemos em diversos jogos erros
acontecendo para todos, sem exceção, chegando até a ser contabilizado e
discutido quem é menos e quem é mais favorecido ou prejudicado. Um impedimento
de cinco ou dez centímetros não pode ser comparado com um impedimento de mais
de um metro. Isso vale para a torcida e dirigente na hora de reclamar e para a
federação na hora de tomar providencias.
Às
vezes parece que o objetivo dos responsáveis pela arbitragem é justamente
mantê-la no amadorismo, sabe-se lá o porquê, mas o que ocorreu dias atrás é uma
prova de que não a cobranças na arbitragem. Ronaldinho Gaúcho tomou um jogo de
suspensão por um lance em uma partida contra o Grêmio, no qual o jogador ergueu
perigosamente a perna na altura do rosto do adversário. Vale frisar que não
houve contato. O juiz naquela ocasião é Héber Roberto Lopes, que nem se quer
falta deu (erroneamente, diga-se de passagem). O tribunal interpretou que o
meia atacante do Galo era para ter sido expulso, porém absolveu o juiz alegando
que foi uma interpretação do mesmo no momento do jogo. Veja bem, um lance
claríssimo que não foi assinalado nem o mínimo (a falta), o tribunal entende
que foi uma jogada grave, aumentando ainda mais o erro do árbitro e
simplesmente o absolvem? Incoerência é pouco.
O mais
engraçado é o medo de expor certas punições aos árbitros, como se fosse único e
exclusivamente de interesse da CBF. O auxiliar Emerson Augusto de Carvalho que
errou no lance de Corinthians e Santos foi o primeiro a ser punido, certamente
por uma pressão interna da própria CBF que todos sabem o responsável. O
bandeira foi colocado para fazer reciclagem, mas o presidente da CBF Marin
ainda cogitou em punições piores. O árbitro (que é CARIOCA) que não assinalou
pênalti (claríssimo) em Kim do Náutico no jogo contra o Fluminense e o auxiliar
que não marcou impedimento (maior que os três não marcados contra o Santos),
foram “punidos“. Recentemente as arbitragens
de Fluminense e Ponte Preta, Atlético Mineiro e Sport (árbitro PAULISTA) e
Flamengo e Cruzeiro (tiveram erros piores que não foram punidos) também
passaram por essa tal reciclagem.
Novamente relembro que erros
sempre acontecerão, mas eles necessitam ser diminuídos. A arbitragem brasileira
precisa ser profissionalizada, porém ao que tudo indica não existe esse
interesse por trás das autoridades competentes. Árbitros de escalão mais baixos
são usados de bode expiatório com punições, enquanto os de “calibre” como Héber
Roberto Lopes, são absolvidos nos tribunais. Infelizmente, no Brasil, se
continuar assim, o futebol nunca evoluirá de verdade.
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